
Onde estão os significados da vida que não estão expostos em Outdoors pela cidade? Onde estão os pressupostos de vida em comum, de comunidade e de solidariedade, que não estão grifados nas propagandas de rádio, tv, revistas e jornal? Por onde serão que andam os instintos de comunhão e colaboração que não se ensejam nos papéis aos montes que desempregados funcionais nos entregam nas ruas, nos carros e dentro de shopings?
Na verdade o que se vê ai não é a pulsante vida, tampouco a essência desta, é na verdade a ressemantização de uma palavra chamada pobreza, que sob a égide do ócio cultural acabou tomando conta de um espaço fadado ao bom senso e a aglutinação de pensamento, ainda que discrepantes entre si. O que vemos ai, aqui e por todo o lugar é a demonstração de quão rasa e infunda é a existência humana, onde até a soberba parece sumir em meio aos motivos torpes e imediatistas de uma sociedade inútil.
Ainda que me jurem tudo isso ser verdade, ainda insisto e acredito que na verdade as coisas podem melhorar, tomar sentido coerente e por si, tornar aparente o que sempre pareceu ser óbvio: o senso de compromisso consigo e com o outro, o aprofundamento da existência, não para baixo (aqui nenhuma ode ao inferno), mas sim algo elevado (nem aqui ao céu), talvez, a hegemonização de uma sociedade justa. Não sei, hoje acordei sem enxergar sentido nas sociedades, até o sadismo de assistir tele-jornal e ver mortes e roubalheiras, associaram-se a um programa de turismo que mostra Versalhes e o fraco time de futebol ganhar de 2x1. Quanta inutilidade.