Alfinete nos olhos! Observar pra quê?

Alfinete nos olhos! Observar pra quê?
A intuição me parece mais lúcida que o raciocínio parco dessa gente Reality... Para outros, é necessário criticizar e aqui é o lugar!

Blog do Abuh

Destinado a refletir, a liberar os sentimentos críticos, falar sobre a vida e intercambiar pensamentos. Jardim repleto de flores e frutos, comestíveis e outros, indigeríveis. Depende do seu gosto, ou desgosto!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Maratona que veio à tona


Corre! Corre! Atrás de ti não há ninguém! Corre! Na verdade todos passaram, é o último e está atrasado. O mundo não gira, ele cirandeia, e só os tontos tentam perceber o movimento para tomar parte da situação. Corre! Enquanto ainda pensa na estratégia, ao lado jazem mortos todos os que como você, esperou a hora certa! Não há hora certa, a única hora é agora! Quer dizer, acabou de passar!


Corre! No seio e no ventre que alimenta-te muitos já se alimentaram, mas por vezes vomitaram em regojizo e aprenderam a tirar de si seu sustento. A auto-suficiência não é insofismável, mas por hora, perceba-te. Corre! Pois sem isso jamais chegará, tudo é veloz como seus meios de litígio, como os gostos que se precarizam, como a cafonice do atual e a estupidez do passado... E o futuro? Ah, o futuro deverá ser igual! Mas mesmo assim, nada te prende, nada te solta, tudo está em ti. Corre! Anda! O que aguarda senão tornar-se obsoleto antes mesmo de criar? O que ocorre aqui é a lei de reconstrução. Nada é tão maravilhoso que não precise mudar.


A segurança não está em parar, está em estar sempre em busca de algo, de algum lugar que dentro de ti não é suficiente, mas que ainda ai dentro é a solução. Corre! Ainda não ouço seus passos, anda depressa, seja fiel à coragem, tenha certeza que de onde está não observa nada. Corre! Pois que não se apropria dessa essência está embevecido em um espiritismo que ainda não nos garante segunda chance. Corre! A competição não é cruel, ela é parte da realidade. Antes que se canse corra muito, se desespere, resolva, prometa e logo cumpra. Seja assim, ou mesmo não seja. O que importa é que a maratona chegou e ninguém veio aqui pra ser coitado.
O que te digo, meio sem fôlego é que tudo é legítimo e concreto. E a corrida nesse caso é para que a vida não seja uma amostra do que podia ter sido feito, ela deve ser o que tinha que ser feito e muito mais! No futuro pensaremos em correr cada vez mais rápido, e nesse caso, ser sedentário não é tático e tampouco estratégico.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Alheia à vida, alheia vida, a vida alheia.



A morte parece ser um dos tabus mais fortes do ser humano. Assim como as fezes, os desejos sexuais, a morte também raramente circunda os papos abertos de nossa sociedade hermética, certos assuntos simplesmente não povoam as reflexões, é cada um rodeando sua própria opinião, é tudo muito ilibado.

A vida passa rapidamente. Aqui se faz aqui se paga. O futuro a Deus pertence. A vida é feita de altos e baixos. A vida é de quem vive. Essas máximas de fato são reais? O que nos implica em acreditar que temos que seguir uma lógica natural? Tudo mesmo independe de nós. Então vamos lá: você fumar e agredir seus pulmões e os alheios é um ato de vida? Andar de carro e poluir o ambiente, causando uma série de problemas futuros e presente é um ato de vida? Ter amigos hoje e amanhã eles não significarem mais nada é um ato de vida? Plantar com veneno, colocar bandidos por três meses na cadeia, votar sem pensar no por que, são atos de vida?

A liberdade é uma utopia, a vida também é. No fundo, estamos cultuando mais é a morte. Somos seres degradados, degradantes, a construção de algo bom, isso sim é assunto pouco visitado. Onde estão os atos de “boa educação”? Cadê nossa natureza preservada e conservada? Onde estão os atos públicos, os atos de bem, a boa arte, a boa escrita? Cadê o futuro próximo, livre de maledicências? Cadê a equidade, igualdade, fraternidade, simplicidade, caridade? Onde? Onde!

Ora, deixemos de pensar como abutres! Não estamos aqui para nos contentarmos com essa carniça que o cotidiano representa hoje, fruto de um passado insustentável. Precisamos mudar! Da próxima vez em que pensar na vida, pense em como viver de forma onde as pessoas ao seu redor possam ter bem-estar. Egoísmo é um ato tolo! Ouça o grito alheio, não fique alheio a isso. Perceba que viver é estar no meio dos seus e sentir-se feliz!

domingo, 22 de junho de 2008

Olha “pro” céu meu amor...



Em época de festa junina, é melhor pular a fogueira do que mordiscar um sabugo de milho, em tempo de inflação (cadê? Cadê?) dos alimentos, o bom mesmo é plantar e colher no jardim de casa mesmo. Mas nem é sobre isso que agora vou redigir algumas palavras, mas sobre a festa de São João. Ele nasceu (e não morreu!) no dia 24 e aqui, sobretudo no Nordeste, nos acabamos em rala-bucho, licores, quentão e bolos, guloseimas e tudo mais, é a vez do interior.

Aqui na capitá muita ferveção: sumiram os engarrafamentos, os tormentos de filas nos cinemas e supermercados, há vagas para estacionar, não há empurra-empurra pra comprar um coco gelado na praia, uma paz! E viva São João! Todos e todas aqui se dirigiram a um interior desses, desde o mais frio, até o mais badalado (sim, isso existe), o mais longe ou mais metropolitano, impossível ficar na capitá. E chegam lá com sotaque local, vestem quadriculado, chapéu de palha, bebem licor ao inverso da cerveja, ouvem forró ao inverso de eletro music, comem bolo de fubá no lugar de hambúrguer. Ah... Viva São João.

As comadres se formam pulando fogueiras, as quadrilhas juninas são feitas de integrantes também de quadrilhas narcotraficantes, as danças também são sócio-inclusivas, e por mais que seja efêmero, o interior passa a ser habitável, deixou seu lado inóspito para o mês de julho, agora é hora de badalar. Santo Antônio que veio antes e São Pedro que virá depois se rendem ao bom João, de fato, a maior festa do Brasil é essa, não há lugar (fora a capitá) que não haja arrasta-pé, mas me diga ai, o que há de sobrenatural? O que há de incomum, de estranho, peculiar nisso tudo?

E eu vos digo como quem vê balões subirem no céu multicor, que essa mestiçagem não se trata de acordo cultural, trata-se de mais uma imposição do urbano sobre o rural, onde a festa tem que ser profissional, as bandas deve ser de ponta, as fogueiras se não existirem, nem falta farão, porque o melhor da festa é vestir-se como um nativo pra surpreender e agrupar. Bolo de fubá? Não, passa ai uma porção de fritas, um copo de cerveja gelada, uma camisa de malha, um boné “maneiro”, um eletro-forró e muito, muito suor. E onde estará o povo do interior? Ah... Reclusos nas casas de parentes que moram no interior de suas cidades (mais pra dentro ainda, bem escondidinho, longe pra burro!), assando milho nos gravetos e cantando cantigas... Lá, a fogueira ainda queima em homenagem a São João.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Como hienas na carniça.


O que te choca? O que te estarrece? Os mendigos e crianças pedintes são cotidianos, você nem percebe mais. Os políticos em Brasília ou residentes ai no seu município roubam, iludem e mascaram, oras, mas quando isso não acontece? Os telejornais darem mais importância ao futebol do que aos estudos sobre o Câncer, mas fazer o quê? Não somos o país o futebol? Ver os preços subirem e dizerem por ai que a inflação está controlada e que o mínimo aumentou... Mas e daí? Não ganho o mínimo!

O que de fato lhe faz cair sentado (a) na cadeira ao se dar conta de que isso de fato lhe diz respeito? Ver que o azul turquesa saiu de moda e agora é listras e quadriculados? Saber via fofoca que aquele casal não é mais tão casal assim? Ou aquela vizinha separou do marido e agora está com uma esposa? Que a amiga não paga condomínio, o filho não é mais virgem ou que o Azerbaijão concorre com o Rio para as Olimpíadas de 2016?

Ah, mas isso é tão cotidiano, isso ocorre todos os dias. Ver uma gangue de idosas roubar bolsas e afins, ver um Presidente se reunir com Gays e Lésbicas e falar em SUS/Mudança de Sexo, a menininha linda que morreu do sexto andar jazer no esquecimento, a novela das 8 ter acabado e outra já ter tomado conta, o preço do cigarro ter aumentado e o da cerveja ainda não, tudo isso deveria me estarrecer, nada isso é cotidiano, nos roubam o nosso direito de estarrecer. A desculpa é que tudo é rápido, como hienas que vislumbram carniças. Ora, não é não. Temos que ser inconformistas, não a paredes brancas, a músicas altas em locais públicos, a pessoas mal cheirosas em ônibus, a pobreza absoluta em país de ladrões, a cadeias com frigobar e celulares nas vaginas, a lap top com preço de banana e banana com preço de lap top, ao sumiço de Marisa Monte e aparecimento da “mulher melancia”. Não à besteira, à falta do que fazer, à imposição despercebida e a essa vida cotidianamente difícil, mascarada de que ainda pode ser pior.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Meio, metade, pouquinho Ambiente.


Após muito tempo sem postar, resolvo voltar falando no dia do Meio Ambiente. Esse termo nunca me pareceu tão pertinente! Oras, há de se perceber que de fato nosso ambiente, na hipótese mais positiva (ou esperançosa) está no meio, acho que até menos, devido à tão chamada Modernidade Avançando... E lá vai ela, tomando conta de tudo, deixando o meio ambiente quase que a zero, aluído, puído, diluído em meio ao DESENVOLVIMENTO.

E vemos essa luta na “expulsão” concedida de uma Ministra do MEIO Ambiente e um choque de surpresa ao ver que a nossa (?) Amazônia está sendo comprada pelo capital estrangeiro. Minha gente faz tempo que nossos vegetais são patenteados fora do País e pra fazer remédio Tipinambá-Jê tem que pagar pra gringo esperto conceder o uso, isso é meio difícil de acreditar, mas é esse meio que eles utilizam para lucrar acerca de algo que poderia ser legítimo e nosso.

E andamos por ai com carros a baforar fumaça, tiramos árvore pra casa pisar, concedemos decreto de saída às aves para as antenas de televisão espreitarem, comemos tomate ingerindo agroquímico e florimos com rosas ao inverso de flores do campo. Preferimos os leões a jaguatiricas do mato, nosso símbolo mais querido e bonito é a águia e não o tuiuiú, não sabemos o que é rambotão, cambuci, biri-biri e laranja-da-terra, mas adoramos pêssego e amoras, sentimos falta de ar puro mas olhar para o céu, só pra ver se vai chover. Onde está o ambiente inteiro? O total ambiente?

Pra perceber que o ambiente, sim, a dita natureza como digna de apreciação, precisamos perceber o que é real, e isso não se faz necessário a visualização pelo Satélite da Google Earth, não... Não... É só olhar pra sua casa e não ver nem mato, é perceber que em sua rua, lotam as poucas árvores, sempre as mesmas, sentir que cada vez mais o ar pesa, o céu perde o brilho, o arco-íris é mais raro, as matas vão sumindo, vamos jogando as sujeiras por ai, não conhecemos a nossa fauna e nem nossa flora e queremos sim PRESERVAR!

Faz-me um favor: Joga-me na lata do lixo!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Fala que eu te escuto!


Essa onda de moratória à inteligência humana às vezes é gritante. Parecemos vítimas indefesas diante de fatos e ilações de uma sociedade multicultural. Oras, na periferia a relação entre o que é dito e é entendido é, às vezes, muito diferente da zona nobre da cidade. As pessoas estudaram menos, têm o hábito de ler e refletir com mais dificuldade e acham que o popular é mesmo aquilo que de mais simplório existe por ai.

Isso não é bula de remédio, há sim diferenças, mas o fato é que certos produtos ferem demais o conceito de erudição, a que tantos dizem possuir, por preferir Bach a Bonde do Tigrão. Não é disso que estou falando. Estou insinuando que há certos apelos que é melhor não consumir, pois acrescentar mesmo... Créu, créu, créu... Ops!

Mas se dançar e cantar, vociferando como loucos certos sentidos (duplos e triplos) como sinal de felicidade e humor é legítimo, tudo bem, mas então não me venham falar de modismo ou de censura. Que hipocrisia é essa de que algumas coisas podem e outras não? Choca ver violência na tv em uma telenovela às 19 hs? Choca ver dois homens (ou mulheres) se beijando às 21 hs? Choca ver cenas de alcoolismo em plena 22 hs? Ah! Que estranho.

Mas não choca ver nas praças o Povo dançando em fila, com letras nada pudicas mencionando sexo e sabe-se lá mais o quê! Dizer que “um tapinha”, “vem chupar”, “desce com a mão não sei onde...”, “já dei”... Bom... Vejamos. Será que a origem do material que conta? Aquela porcaria vinda do populacho nesse caso tem um valor que o resto não possui? Ah sei. É por que esse material vindo da pobreza reflete a realidade lá vivida? Bem, então ta: Fala que eu te escuto!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Quando a Fé e a Fé não são xifópagas.



Hoje é um dia importante para os Apostólicos de Roma. O Doutor Papa aniversaria, mas não coincidentemente está em visita aos EUA. Oras, que outorga mais pluralista para um maniqueísta tão singelo.

E não ao aborto, casamento entre homossexuais, pesquisas com células-tronco, uso de camisinha (e demais controles de natalidade e doenças). Nossa, que Mundo feliz e pacato vivemos. Tudo é tão bíblico que a serpente virou amiga da águia e juntas fazem até crochê.

Mas sua face (a do tal Papa) é tão pueril que impossível (?) não se apaixonar. Trata-se do representante divino, ilibado e livre de pernosticismo, a não ser pelas tamanquinhas vermelhas. Hum... E o Doutor Guerra dos lados de cá é tão sacro-santo que merece visita na época da comemoração de tão importante nascimento. Mas não é natal!?! Certo, perdoe-me.

É que me confundo com certas fístulas que me aparecem no juízo. O Papa e sua religião condenam valores morais contemporâneos e necessidades como se refletissem pelos olhos de quem a exercita. E o que fazer com as freiras e padres homossexuais? A idéia da fogueira não me parece inovadora. E as doenças que surgem e são passadas de criatura em criatura, além de seres indesejados alijados de qualquer noção de humano?

Mas são justamente esses pseudo-santos que se reúnem e fazem “social”. Que mitigam a sociedade a um levante irracional, onde o Céu é o limite. Mas Fé em quê mesmo? Fé de que matar por motivos torpes e de interesse nada supra-nacional é normal, enquanto milhares “matam” todos os dias seus fetos por não quererem “aquilo” para suas vidas. Alguma diferença? São os mesmos que dizem que as “bichinhas e sapatonas” devem sim, recorrer ao de Baixo para conseguir resigno e que logo depois abençoam a "tôrta" e direita, com suas águas bentas e gliter, e munhecas soltas e bastante calor ante suas vestes.

A decência é mesmo algo de quem olha. Façam-me o favor, me digam quando a Fé e a Fé, irmãs xifópagas foram separadas? Sim, a Fé nos Seres Humanos e a Fé em Deus! Acho que essas criaturas que me aborreço ao citar pensam mais no primeiro feto. Certamente o segundo não foi abortado! Isso não pode! Mas onde está?

Poça d’água e eletricidade.

Talvez essa geração seja a que menos se choca com os acontecidos de tão globalizada sociedade. Vemos o narcotráfico virar status e sobremaneira, uma forma de conquistar grana. Vemos um esporte na grama ter mais importância que as alcovas do próprio corpo, onde por mais que se tente, o tal goal é mais relevante do que ir ao Parque com família no domingo a tarde. Tudo parece futebolístico, inclusive chutar as mentiras políticas de cá para lá.

E essas “Jogadas ensaiadas” são tão comuns, que ao ver a próxima, aquela que acabara de passar já não importa mais. É tudo tão instantâneo, que uma fila indiana parece tomar conta no nosso cotidiano. Memória e reflexão pra quê?



E por mais que seja enfático o acontecimento, esquece-se ante-fato do que mesmo o pós-fato ainda tenha a dizer, são preâmbulos imaginários, onde estar atualizado é saber do que acontece no momento. Agora! Aliás, agora não! Agora! Puxa, já passou! Agora!

E crimes hediondos (?) surgem e somem como se sempre houvesse mais por vir. E somem como se fossem banais, ou seja, há mais para se estarrecer! Sim, guarde os psicotrópicos e barbitúricos, a sua neurastenia ainda tem tempo pra descansar. O que mais falta?

Talvez falte mais senso de responsabilidade. Acreditar que os rumos parecem claramente incertos, onde não há mais o que fazer a não ser mudar. Não é ideologismo ou neologismo, é um simples choque de realidade, onde vemos pasmas as pessoas, que nesse estado, preferem ir a um bar para curtir suas fugazes vidas a ter que pensar que algo precisa ser mudado. E às vezes até acho que seja digno, em outras, só mesmo colocá-las numa poça d’água com eletricidade. Arre!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Do júbilo ao massacre, tudo antes como quisera lá!



Pernosticismo às indagações do mundo contemporâneo? Sim, somos fruto de uma construção magnética, e quem tem seus ares energéticos que se segure na poltrona enquanto assiste ao Reality Show! Hum... Saudades daquele tempo em que... Lúcido, mas pouco translúcido.

O que quero dizer é que a vida caminha, para frente, e antes que milico tenente pudesse dizer o que deveríamos fazer, já haviam por ai, outros seres que tomavam de assalto a nossa tão particular maneira de ser. Sim, podemos ser como queremos. Mas o levante contemporâneo da universalização de seres, transformam e nos fazem um em mil, com jeito e marra de qualquer um dos mil. Não mais a peculiaridade, a singularidade, mas a uniformidade, a mesmice e a falta de um “Q” a mais.

As mesmas e simplórias mentes a pensar juntas e uníssonas achando ser pessoais, inovadoras e contra-pragmáticas. Ah ta! O que fazer se a qualquer momento você desiste de si em prol de uma ideologia ressemantizada? Nem sabes acerca do júbilo, mas porque é fashion, achas que pode valer a pena. Hum... Mas como ser individualista em tempos tão contrários ao prêt-à-porter? Faça uso do industrialíssimo conteúdo massivo que tem a sua mesa... Mas ao inverso de usar talheres de prata, coma gosto e com as mãos, suje os dedos, antecipe a sobremesa à entrada.

Isso é possível, antes de se pensar em homogeneizar, pois a sua vida não é parte de quebra-cabeça, que precisa de outra peça para ter sentido. Ela é o próprio quebra-cabeça, que precisa de outros para ter sentido. Mas naturalmente que para que o conjunto tenha sucesso, sua parte deve ser feita. Não pense em destoar, pense em modificar. Ou foi construído o seu ser na fábrica de um Pólo Industrial?

Não à robotização humana, não aos impulsos conjuntos e maniqueísmo ao diferente / contra-hegemônico! Diferencie-se ao que parece ser igual. Modifique-se ao que parece ser normal. Não se carnavalize! Ser diferente é mais difícil do que ser igual, a totalidade disso é quixotismo, mas também o contrário, apesar de possível, me parece muito banal.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Liberté, igalité, fraternité


Esse lema do título é do Século XVIII, onde na Revolução Francesa se falava em Liberdade, igualdade e fraternidade. Oras, às vezes tem certas conjuras da vida contemporânea ao qual me pergunto se tal insígnia não é quixotismo reproduzido por um grupo que antes de pensar que o sujeito social é, sobretudo putrefato e vê, à revelia, que o futuro é feito de bondade, de senso de grupo e também de lutas individuais, afinal o que não comum é legítimo, pensa e legitima que seremos (um dia), seres que somam.

Há certos momentos em que amadurecer é tornar-se indivíduo, ser social individualizado, disposto em regras e arraigado em metas. Gumersindo Bessa, dá o seguinte parecer sobre o homem social: "Cada um vê as coisas conforme o ponto de vista em que se coloca. O meu ponto de vista para julgar a sociedade é este: o homem social é um carnívoro açamado (amordaçado com açamo - focinheira para cães). O açamo chama-se a lei, polícia, poder público. Nos momentos em que a vigilância do poder público adormece ou a coação legal esmorece, cai o açamo, o homem recobra toda a sua liberdade natural, e fica apenas limitado o seu poder por esta lei única: o mais fraco é presa do mais forte. Encarando assim os fatos sociais, é tão insensato o louvor quanto o vitupério. A natureza é imoral".

De todo o exposto, é inarredável que tenhamos a consciência da impossibilidade de radicalismos, porém, é necessário que o Direito observe, na sua evolução, não apenas a evolução objetiva da sociedade, mas, principalmente, o que o ser humano tem de essência, tornando-se este a razão da existência daquele.

Sonhar com um mundo de iguais: fraterno e livre. Sonhar com um mundo sem religiões em que os homens vivam apenas para o dia de hoje. Sonhar com um mundo sem patrões, sem governos, sem ricos nem pobres. Sonhar com a Utopia de Thomas Moore, com a República de Platão, com o Socialismo de Karl Marx. Sonhar com a Era de Aquários que acabou nunca acontecendo. Sonhar com um mundo completamente diferente do competitivo mundo do século 21. Sonhar, sonhar sempre!

Continuemos, pois, a sonhar. Quem sabe, um dia, conseguiremos idealizar e, acima de tudo, concretizar uma sociedade perfeita. Uma célula fraterna, gerida por um núcleo de notáveis escolhidos entre os mais sábios e mais magnânimos. Uma sociedade que funcione com uma única célula, sempre em prol do bem comum.

domingo, 16 de março de 2008

“Só quem queimou na fogueira sabe o que é ser carvão!”.


O que são nossas vivências? Nossos meios de sobrevivência? Nossas atenuâncias, discrepâncias e ignorâncias subjugam aos outros a sua primazia perante a dor e o amor. A nossa dor sempre parece maior, nosso amor idem, nosso suor mais suado e nosso labor mais reverenciado.

Ora, o que mais além de fofoca nos interessa sobre a vida alheia? Por que nos preocupamos apenas em saber e não resolver? Hum, talvez porque nosso egoísmo seja uma quimera tão arraigada que se desprender deste item de fato é impossível! Então, caros (as) afãs, o que nos importa nessa vida é diminuir o peso de tanta sofreguidão que o nosso cotidiano nos condiciona, ajudar não é filantropia, é instinto de sobrevivência. E por isso uso no título uma frase da música Pagu, by Rita Lee.

E pra finalizar essa simples luxúria mental, digo-lhe que o mais importante nessa vida é sermos fiéis aos nossos deveres e impossibilidades e compreender que a sensação de paz só é deveras pacificante quando ao nosso lado, não há guerra!

domingo, 2 de março de 2008

“A usura dessa gente já virou um aleijão...”.


Uso nesse título a licença de quem sabe o que diz. Esse trecho é da música de meu conterrâneo Gilberto Gil, intitulada Barracos na Cidade. O tema hoje não é de cunho social, ele é de cunho paranormal. Como assim? E eu te responderei, sem entidades recém-atribuídas ou coisas assim. E mesmo que esteja na Bahia e aqui, cada esquina há uma macumba, tem certas horas que elas, sim, os despachos cheios de quimeras passam a ser dieta de quem deixou a vida seleta pra esquecer que na vida há refeição predileta: há qualquer coisa!

Em meio a farofas, efós, galinhas e cabras degoladas, cidras e garrafas de pinga... “Tudo vira bosta!”. Na hora da madruga cintilada, nas ruas e becos de belvederes ou até mesmo de passeios públicos ou privados, criaturas colocam ali seus conchavos. Suas lamúrias, pedidos, abnegações, crenças e predileções, suas vontades benignas e muitas vezes malignas... Nada do tipo a quem interessar possa.

Acreditando que na verdade, aquilo que ali Jaz desde a madrugada é na verdade comida e bebida boa, aqueles que pedem por ai, um pouco de alimento, tem na sua frente o banquete. E não se estarreça, comem mesmo! Chutam a galinha pra lá e vamos à farofa, ao milho branco, pipoca, arroz com dendê e pra refinar, um copo de champagne ou de pinga. E eu não sei o que é melhor pra mim...

E aqueles que despejaram, ou melhor, despacharam, nem sonham que seu almíscar agora além de alimentar o imaterial faz também as vezes dessa população real. E sem surrealidades, o tal banquete ainda proporciona o almoço de amanhã, pois sempre junto com os ingredientes, descansa contíguo uma cédula de cinqüenta ou dez reais... Ah, essa vida sincrética!

“Oxe, quase que me esqueço!”. A continuação da letra da música de Gil em nada completa esse meu raciocínio. Ou será que completa? Depois de ter alguma resposta te digo, vou pedir ajuda a Tio Mamboxé, Mãe Meninnha, Pai Bobó, Mãe Runhó ou a Nezinho do Portão.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Aspirina pra curar a Celeuma.


Existem certos tratamentos que de contemporâneos, mais lembram a Era Medieval. Naqueles tempos (que naturalmente não vivi! Será?) as relações humanas, sim, as interpessoais se davam de forma a surrupiar dos menos espertos a chance de um lugar ao Sol. Rasteiras, obeliscos em desagrado, disse-me-disse, venenos anti-corpo-fechado e tudo o que há de mais arretado nesse mundo que até Deus duvida.

Pois nessa vida tão moderna, certos meandros bélicos ainda valem, decerto que mais tecnológicos, porém de espíritos bem démodé, old-fashioned, fora de moda. Mas o que se inventa de novo aqui é falta de criatividade e sem medo de maniqueísmos, digo a q ti que se defenda. Não, não é necessário correr para um curso de defesa pessoal, a tática aqui é coletiva. Claro que não é daquele “ecologismo” pueril tipo abraça-árvores, mas é de uma ideologia que de tão quixotesca é praticamente folhetim.

Mas como traça jamais rejeita roupa velha, sinto que há necessidade de uma mobilização do tipo a quem interessar possa. Que tal sermos gentis, competentes, sensatos, tranqüilos e acima de tudo, honestos? Sim, saiba qual a hora da briga e que ela seja com as mesmas armas e com as mesmas chances de defesa e de ataque, e quando falo isso digo: ao cair, espere levantar! Assim, teremos nos lugares desse tabuleiro de xadrez as peças certas nas casas certas. Enquanto isso não ocorre (e será que ocorrerá?), vou tomando Aspirinas para curar momentaneamente essa celeuma.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Mexericos e La Conga.




O que será que quer dizer: morto! A noção de sem vida é para mim um tanto quanto confusa. O que vem a ser "estar inerte"? Estagnado, sem sinais vitais? Na verdade, o que é vital? Hum... Deixe-me pensar! Vitalizar significa sob certa óptica, construir, revitalizar, significa sob qualquer óptica, dar nova “vida” a algo que perdeu essa. Mais como? Isso é renascer, e mesmo sem querer transparecer saio do iluminismo pagão e caio na sacra-santa fé.

Mas que lamúrios advém que discuto isso contigo agora? É que por hora penso que as contradições são xifópagas, as similitudes e as não similitudes parecem seres no espelho, uma imagem e outra, imaginada. E por mais que não seja magnetizada, essa noção de paradoxo entre vida e morte, entre certo e errado, não são mero maniqueísmo ou extremismo borra-botas.

Na verdade, nosso discurso sempre é assim: veneno e antídoto. Sim, podemos matar certa quimera e assim, como passe de mágica, fazê-lo renascer. Ou seja, renascer nesse caso não é sintoma espiritista. Saiba que tudo no mundo pode morrer ou nascer, depende de quem queira, quando queira e pra quê queira. Ah está bem! Então, acho que é hora de começarmos a reinventar, pois a mesmice comprou terreno-latifúndio por aqui, e a novidade não veio nesse caso da beira da praia.

Uma pena, pois poderíamos imaginar que para sassaricar é preciso inovar. Salvemos nossa memória em memória RAM e comecemos a reconstruir do zero, recriando mexericos, soldando porcarias com massa e transpondo o que antes era lixo em mera erudição. Como fazer? Muito simples. Faça tudo igual, a própria consciência da contemporaneidade se incumbirá do resto.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Cumprir a tarefa comprida.


Affe!!! Tem certas coisas que não dá mesmo vontade de fazer. Às vezes é melhor pedir, implorar ou até mesmo desistir, resistir à falta de vontade é praticamente impossível e nesses casos, a importância decide: DESISTA!

Mas o que não é feito de tempo nessa vida? Temos que dar início (talvez o mais difícil) e imbuir... Labutar, “correr-atrás”, assimilar que finalizar pode ser em muitos casos: ÊXITO. Não vale à pena esperar, é preciso fazer logo, por mais que dificuldades sejam equipamentos de fábrica e com custo adicional, irrefutáveis. Delongas, milongas, no final, dá vontade de resistir e fingir que aquilo não existiu. Então, seja perseverante e objetive aquilo que precisa ou quer, não adianta esperar, torcer, rezar. Tem que ser você, aquilo a fazer é parte integrante de sua existência. Então comece logo, quanto mais cedo começar logo irar cumprir a tarefa comprida. Seja ela: mudar de corte de cabelo, perder a pança adquirida, mudar de casa, concorrer a um concurso, finalizar a decoração da casa, aprender um novo idioma, arrumar um novo amigo ou uma amiga, encomendar um filho ou filha, matar a humanidade com uma pinça, se enforcar em um pé de coentro, encontrar Osama Bin Laden, formar na faculdade, arrumar o guarda-roupa, mudar de cor de pele (alusão ao Michael antes Jackson) e... Blá blá blá... blá blá blá... Pepepê caixa de fósforos!

Em tempo antes que mude desse planeta: Siga em frente, ande rente, nunca tente, sempre consiga!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Tão parnasiano labor!


Laborar, trabalhar, suar (às vezes), esforçar. Isso não é sinônimo de algo ruim, é sinônimo de que pra que isso exista você é fundamental. E mesmo que olhes de cá aquilo lá ocorrer, sua presença é a metamorfose e suas possibilidades, sua mimese alquímica, fertilidade signatária de sua única existência.

E tudo o que fazemos é labor, inclusive o lazer, o ócio e amar. Temos que empreender esforços, mediar contratempos e exigir sucesso, sempre tudo a contento, e como tudo na vida, a concorrência, a exigência, a eficiência e a opulência são inescapáveis. Esforços, preparação, hora certa, criatividades e senso de pertencimento são elementos fundamentais deste labor. E nisso, o amor não escapa, tudo nele está presente, com um simples detalhe diferenciador: sua beleza parnasiana.

Amar não é apenas quando não dá mais pra disfarçar. É ainda com isso, termos que todos os dias, “religiosamente” laborar, afinal tal negócio não deve falir. E como fábrica que sem férias coletivas não descansa, o vapor é incessante. Tão estafante quanto prazeroso é tal atividade, que assina carteira, cobra imposto, tem suas atividades específicas controladas por especialistas e ainda, possui desemprego.

Hum, que perdoem aqueles da mais valia, mas não vendendo sua força de trabalho em dias de hoje, corres o risco de um empreendimento filantrópico, e pra não se tornar misantropia, recomenda-se batalhar por um lugar ao Sol. E aqui me remeto até ao amor próprio, afinal se não cuidarem de ti, quem irá?

Por fim, pra não me achares Getulista em tempos (ops) de esquisitices, aqui se labora de todo o jeito. Várias formas de amar são possíveis e legítimas, intangíveis, inovadoras ou rupestres. Se não concordas pense rápido: Se amar é laborar, o digno nesse caso é ter competência e vontade de desafiar. O problema é que não há férias, pois solidão pode ser pra ti, uma aposentadoria sem remuneração.

Está na súmula!


Encarar discutir sem agredir é muitas vezes tarefa controversa. O que fazer se suas abstenção moral surpreende a quem é subtraído de sua superlativa verdade? Acho que deter nesses casos é convencer, jamais tentar coexistir, a lenda aqui não “sub-existe”. E pra quê contrariar os ditames já postulados pelo tempo? A preguiça impera e a imprecisão ao indagar nunca aparece, oras, não veio aqui pra questionar?

Ah, sim! Você não vive, apenas sobrevive. É amorfo, levado pelos que querem te levar, deixado por quem querem te deixar e modificado por quem quer e até mesmo por quem não quer te modificar. Lê-se ali, acredita, e se em outro lugar diz o contrário, também acredita. Pra que questionar? E as verdades inescapáveis são muito pouco confundíveis. Tão sensatas que para a existência humana, só resta aproveitar todas as verdades, tudo aqui é inescapável.

Acho que está na hora de modificar. O avesso precisa aparecer pra compreendermos os lados, a oposição deve ser vista e analisada, além de claro, oportunizada. Esqueçamos a idéia de que as verdades são intransponíveis, pois aqui nessa vida, nas anteriores e nas que quiçá virão, não são como partidas de futebol, onde o que é o Juiz escreve em sua súmula é a verdade dos fatos. Será?

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Notas de Certa Quimera.


Sintonias... Simpatias. Sinestesia. Tudo parece ter seu lugar, alocado como gavetas numa estante, onde casa qual tem o seu exato lugar de prostrar. Nuances não são meros enredos querendo dizer algo, o que é enigmático, pouco claro, também tem nisso um valor deveras objetivo.

Pense, não falo de destino, mas digo em caminhos. Será que temos vários a seguir? Ou será que tudo o que fazemos parece abrir um caminho, onde algumas vezes sair ou coibir a sua existência é desnecessária ou até IMPOSSÍVEL. Ora, sem ser malthusiano às avessas, as possibilidades não são tão numerosas assim. Poderia você hoje se dar ao luxo de escolher? Quantas possibilidades sua vida lhe proporciona? Tem chances nesse exato momento de mudar totalmente o curso da vida? Até poderá mudar, mas necessitará de tempo. Oh! Tempo.

Claramente, a liberdade não está ai, nessas mil possibilidades, está na forma como lida com elas, tenha certeza. Ou se discorda, veja, agora, o que poderia fazer de novo. Não está tudo atrelado, tudo tem sentido, a não ser que faça algo que comprometa a sua tão querida SEGURANÇA. Seria louco? Então venda a sua casa e faça aquele Cruzeiro tão desejado, compre duas garrafas de vinho Cabernet dos mais caros e beba sozinho. Terá graça? Sentido? Futuro?

É, acho que viver não é tão simples, somos levados por uma correnteza de probabilidades, algumas, contáveis. Poucas chances têm de mudar, renovar, recriar, e se pensa nisso, quando esta surgir, faça! Senão, faça como alguém que planeja e almeja: OBSERVE. Verás que estamos ligados como corda de caranguejo, e tirar um nesse caso não é mudar e sim, desfalcar. Na tentativa de mudar, melhore, potencialize. Um toque aqui e outro ali, mas creia que seus passos são construtivos, e a solidez nesse mundo não é banalidade de quem pisa com segurança.

As chagas de uma operação mental



Vixe!!! Depois de algum tempo afastado da escrita (os dedos e a mente também tiram férias), volto a escrever devaneios, expurgar sentimentos e canalizar idéias. E nada mais constrangedor do que tirar das férias aqueles que há tempos não gozam de tão pouco sacrificioso benefício capitalista. Descansar é um verbo difícil de conjugar, pois na prática parece que falamos de abstrato e muito pouco, na verdade, se pode relaxar.

Aliás, relaxar até que é possível, só ocorrerá se você desligar a televisão para não se aborrecer com as famigeradas notícias do sub-mundo ao qual pertence, ignorar os altos preços inclusive da água mineral que por ora ingerirá. Ao seu redor, aquela multidão, barulho, confusões... Abstrair nesse caso é sumir, e como isso ainda não é bem imaterial da humanidade, o que lhe resta é se miscelanizar. Sim, de miscelânea! Misturar. E ai, tudo vira galhofa, que antes que se organize, a ressaca já avisou a quem é de direito.

Oh!!! E aquele calor na hora de dormir (made in Aquecimento Super Global), não há onde achar um lugar tranqüilo pra aproveitar a brisa, a não ser que goste de calor em seu cangote. E então, tudo se transforma em aventura, mas até dormir? Sim, calma, está de férias lembra? Hum... Não dá pra ligar ar-condicionado, haja vista que onde está o valor cobrado pelos KW, seu décimo terceiro do ano terá todo que escorrer pra pagar esse pequeno mimo. Então vá dar uma arejada, sentir ao menos o bom ar nas narinas. Mas e se for assaltado? As chances são imensas. Melhor ficar em casa. Abana ai!

Acho que é mais sensato voltar a trabalhar. Lá, o ar-condicionado quem paga é a empresa, a segurança do prédio também, o clima é mais formal, portanto não há algazarras, sua mesa é isolada, logo ninguém o incomodará, e no entremeio do nada-fazer e o que-fazer dá-se uma boa relaxada. Férias pra quê?

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Âmago de um arqueiro.


Tem sufocações quem nem vômito conseguem retirar! São como espinhaços de peixes presos a uma garganta que não pode ser cortada, rasgada, descolada, absorta diante de presas famintas num inóspito e famigerado lugar. São gritos uníssonos que não podem jamais serem ouvidos, pois é tão seu, que nem mesmo eu, sendo você, posso perceber.

Digo-lhe isso em virtude de certas observações surgidas ao acaso, porém com destino certo tal qual flecha, sem curvas, sem interrupções, sem abnegações. A dor é única, porém o surto, dignificante. Nas mãos do arqueiro, o seu destino, a glória destemida daqueles que a ti apedrejam, e por mais que sussurros e lamúrios relampejem, nada mais te resta do que ceder, perecer ao que é indubitável, sagrado, fiel à sua cerne, carne que jamais putrefaz, aquilo que ordenam e que um dia, aqueles que seus olhos a isso cerram, sem direito nem a odor, jazem!

Mas por mais que tente, cercas não são feitas pra prender, apenas para nortear, marcar, sinalizar, não como nuvens, existem, mas não impedem, são susceptíveis e mesmo quando intangíveis, sucumbem à sagacidade daquele (a) que luta, amputa suas bases, como uma rasteira. E como aquele que possui apenas um olho, enxergas o que é apenas necessário, aniquila tudo o que não é imprescindível e torna apenas audível, o que para os outros é apenas observável. A eficiência é xifópaga à necessidade.

Mas se perguntas, afinal, do que falas? O que é tão necessário que tenha que ser intransponível e ao mesmo tempo, revolucionária? O que é tão imutável e concomitantemente, reveladora? O que pode ser tão fundamental como a própria existência? E te respondo, sem ar superior, mas com a certeza de que me compreenderás... Já imaginou opinar, ser aquilo seu e a ti repudiarem? Já cogitou a idéia de ser um em cem, dez em mil e cem em um milhão? O que faria se te perseguissem e te julgassem, abaixaria sua cabeça?

Não! Flecha jamais se curva, e se o alvo se aproxima e seguem na frente empecilhos, atravessa. Assim são certos valores humanos, incorrigíveis, inexeqüíveis, intangíveis. São condutas ordinárias que em situações ordinárias (aqui cabe dupla interpretação) se demonstram e são, pra nós, impossíveis à fuga. Eis aqui, o que podes julgar e defenderei, eis aqui o que deves olhar e te cegarei, eis aqui o que podes mudar e eu impedirei, eis aqui o que podes falar e eu calarei. Pra tudo há um preço, podes negociar, mas para a honra, o único valor de barganha é você fazer uma flecha aos meus olhos se curvar.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Reinvenção das Tradições a Olho Nu.


“Paz, carnaval, futebol, não mata, não engorda e não faz mal”. Tradições da cultura brasileira, inventadas a partir de miscigenações lusitanas, indígenas, africanas e com outras pitadas europeizadas, parecem não suportar a modernidade. O que seria tradicional, ou seja, na visão de alguns, antigo, torna-se quando falamos de gerações, invenção do passado.

Alguns traços parecem inabaláveis, o tempo não tira, não arreda um milímetro uma manifestação ou uma tradição popular do lugar. Mas há quem se surpreenda! Aqui esse ano no Carnaval baiano o Rei Momo será magro! Vixe! Aquele que detém a chave da festa e comanda a quantidade de confetes e serpentinas e que possui sorriso largo, pique pra pular apesar da pança e ainda, fôlego pra agüentar todos os dias da festa? Sim, esse ai mesmo!

Sempre, sempre, sempre... Este foi gordo! Poderia até amenizar hipocritamente e dizer gordinho, mas não, gordo mesmo! Mais de 120 kg de alegria desfilavam pelas ruas e avenidas, com sua coroa, cetro e capa de Rei, sua majestade obesa era aos nossos olhos, imutável. Nesse ano, poucos se inscreveram e os “astutos” organizadores decidiram convidar uma personalidade totalmente local para ocupar o posto, sem passar por concurso algum, à revelia do gosto dos jurados e do povo. Este, em sua infinita magreza adorou a idéia, talvez, umas das poucas chances de aparecer.

Por favor... Ala-la-ô! Ele poderia receber o convite de bom grado até, mas aceitar, achei severamente perigoso. Poderia ele optar elegantemente por concorrer com os outros, submeter-se ao gosto popular, mas não foi isso que ocorreu. A monarquia nunca foi tão absolutista! A questão é, que essa tradição mudou aos nossos estupefatos olhos. Inovar é maravilhoso, mas democracia pra isso é fundamental. E quando se trata de uma tradição popular isso é ainda mais importante. Só quero ver se ele vai suportar o reinado momesco... A seguir, cenas dos próximos momentos, que carnaval é essa folia baiana! Ah, e vê se tira esse olho gordo de cima do pobre Rei! Onde já se viu!?

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Chuchu, pepino, melão e alface!



Quantas coisas... Quantas possibilidades! Poucas oportunidades e imensas novidades! Temos as chances, pois, essa vida, sim, a que estamos vivendo, não se multiplica, é apenas uma, e mesmo que reencarne, essa aqui é única. Chegamos sem saber porque e às vezes vamos ainda sem saber, mas valha me Deus, temos muito que testar por aqui.

E damos outrora, atenção àquele que ali, na sua frente curte cada segundo como se fosse o último, perdendo muito tempo azarando aquilo que devíamos nós também estar corroborando. Maluquecer, endoidecer, pecar por mais que seja difícil, sem isso não dá pra continuar. Não é cometer besteiras, arrasar o próximo e destruir coisas boas, mas arriscar, tentar diferente, inovar! Por que homem não “pode” usar saia? O buço da mulher é feio por quê? Por que não posso ficar dois dias sem dormir, e não comer dois quilos de chocolate se tenho vontade? Por que meus cabelos não podem ser grená e um lado ser mais curto que o outro?

Por que não posso andar pelado por ai e ainda, sorrir de sua queda, sabendo que não se machucou? Por que não devo nadar em alto mar e cair de pára-quedas com segurança, mas sem muito juízo? Por que não posso combinar verde com azul, amarrar uma pedra no pescoço e dizer que é belo, pois é natural? Por que não posso gostar de mulher, homem, cachorro e sagüi, e ainda sim, achar que tenho certeza do que gosto? Por que não consigo passar perto de ti sem receber suas bélicas críticas? Por que?

Ah, mundo chatinho, repleto de gente correta demais pra julgar e errada nas suas discretas derrapadas, fingindo ser tudo saboroso quando é na verdade insosso, tal qual chuchu, pepino, melão e alface!

Xô!




Vixe Maria! Não pensava que aquecimento global aquecia tanto! Isso é mesmo verdade? Jurava que era conversa pra Inglês (USA) ver! Jurava que com o aquecimento global íamos gastar menos energia, pois, pra quê banho quente? Mas depois lembrei: e o ar condicionado? Minhas roupas secariam mais rapidamente, mas também, eu suaria mais e teria que lavar mais roupas, pois suor deixa a roupa “suja”, gastaria mais água...

Não teria que usar mais roupas de lã no inverno, mas em contrapartida teria que comprar sungas pra cada dia da semana, pois até uma camiseta com bermuda iriam para mim, serem sufocadores e pouco frescas! No natal, as árvores de natal não teriam sentido no norte do mundo, pois pinheiros seria apenas artigo da memória dos que um dia o viram, mas também, logo, os cactos de natal tomariam conta da decoração festiva.

Os sertanejos seriam logrados como exemplos. O que antes era liminar seria logo exemplo de força e de ancestralidade a ser seguida, até na Universidade seriam convidados para falar sobre “kit seca”. Os mares subiriam a níveis alarmantes, tornando as cidades litorâneas verdadeiras Veneza, e andaríamos de Gôndola, que não emitem gases pra causar esse aquecimento global.

Vem cá, me diga ai, não é meio louco isso? Aquecimento global então não é papo, é real? Nossa, Credo em Cruz... Crim-Deus-Pai! Esse Planeta está mesmo em agonia? Nosso hábito de poluir, gastar recursos naturais como se fosse simples a sua renovação, permitir o “desenvolvimento” e compactuar, isso é mesmo tão pernicioso assim? Caramba! Eu era um ser humano alheio a tudo isso e agora cai na real. Mas o que fazer? Mudar tais hábitos me parecem quase inalcançáveis. Não poluir, economizar, preservar, reciclar. Ah, XÔ coisa ruim! Vou aguardar os próximos capítulos, vou ali ligar o ventilador e tomar um suco, vou aguardar esse aquecimento global chegar!


Nota: A consciência muitas vezes nos indica que as obviedades são tão óbvias. Será? Mude agora ou perceberás quando abaixo de seus pés o chão não mais existir, e se fores de acreditar, o inferno segundo alguns fica logo ai, embaixo. Agora vou ali ver o jornal: Acabaram de descobrir uma colônia de pingüins recém-perdidos do Pólo Sul aqui na Caatinga.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Reunião de sintagmas: Vida!


Nem sempre aquilo que se julga ruim é na verdade, tão ruim assim. A fragilidade de um olhar de um único ponto é uma cegueira do todo. E ao nosso redor, certas vezes só parecem estar nossos problemas, indissolúveis, imensos e inescapáveis. Não visualizamos o outro, aquilo que muitas vezes é maior, ou seja, a nossa dor, nos impede de perceber o todo e perdemos a compreensão e o senso de ajuda.

Terrível vida daqueles que absortos diante de sua própria existência, esquecem que atrás de toda a sua embolia carnal estão à espera, seres que não possuem sua força, sua forma de resolver, sua mão amiga. E talvez seja esse o nosso papel: arrimo daqueles que mais precisam.

De forma sucinta, o que suscita a vida é ressuscitar ante nosso egoísmo e colaborar. Não a caridade por piedade, mas por compreensão. A vaidade pode transcender e até, nos perecerem imersos num mundo simplório e sem problemas, mas eles estão em ebulição por toda a parte e somos parte de tudo isso. Siga um conselho de Eleonor L. Dolan: "Para compreendermos o valor da âncora, necessitamos enfrentar uma tempestade”.

Não trata aqui de compreender o outro como sintagma da vida, mas como elemento constituinte, parte e não todo e que para o todo, precisamos de uma unidade de reflexões e ações. E para oferecer um serviço verdadeiro você deve adicionar algo que não pode ser comprado ou calculado com dinheiro, e isso é a sinceridade e integridade, o sentimento de que somos todos humanos, à revelia da dor e com o consentimento do amor.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

No escurinho do cinema... Ops, pipoca no lugar errado!

Aqui na Bahia, o sincretismo religioso parece não ter mais vergonha de mostrar sua face. Sim, pois católicos utilizam símbolos africanos enraizados por aqui para demonstrar sua fé Bizantina no calor da “terra da felicidade” (onde está?). E tudo soa harmônico, difícil até mesmo identificar o que é de mistura e o que é de fato, uma tradição secular. Cria-se agora aos nossos olhos uma nova tradição, e não como traição aos preceitos, é melhor se agarrar a tudo o que há por ai (de bom, claro!).

Os de religião protestante abominam. Superiores em sua fé, abortam qualquer idéia de respeito e miscigenação, com raras exceções, mas bem que em suas sagradas epopéias em templos luxuosos (desculpem qualquer sinal de ironia), realizam sim, rituais totalmente sincréticos. Descarregam seres de outros seres e até, usam de elementos como sal e água pra benzer (?), na falta de originalidade (ver texto abaixo) busca-se imitar o que é sucesso!

E por mais que iconoclastas sejam, muitos desses sentem arrepios ao ver certos qüiproquós arrebanhar e “salvar” tantas pessoas. Libertam-se ante suas vestes longas e censuras nos beiços de lado e testas franzidas, mas ainda que não admitam, há sim um quê de balaio nesse sacro-santo babado.

E os de cá, que querem mesmo o que é bom e que faz bem (nem sempre andam estes juntos), louvamos (não é bem essa a palavra) a tudo aquilo que acreditamos, seja lá de onde vêem! Ai caímos na igreja e rezamos em eucaristia, saímos num templo pra tomar um passe e logo ali, na porta, um banho de pipoca e folhas em riste pra sucumbir o que é ruim nos aguardam. Quer proteção maior? Melhor ser assim, sincrético do que muitas vezes, olhar para um ponto ao longe achando que é luz e acabar sendo o reflexo maquiavélico do Sol sobre um reles
vil metal!
Ah! Sou de Obaluaê (imagem de cima) com Santa Marta (imagem de baixo), e muitos outros me cercam. Salve Deus!

Cada melancia no seu pescoço!


Cada um tem a sua forma de se destacar, seja por bons motivos, maus motivos ou até mesmo, por motivo nenhum, esses os mais interessantes. A forma de se vestir talvez seja o primeiro sinal de alocação de personalidade em meio aos outros, pois assim, como está se vestindo, posso “pré-conceituar” a sua forma de ser. Arriscado, pouco confiável e ainda, superficial, mas fazer o que? Impressões independem de nosso controle. Aquilo que a mim parece exótico, a ti parece comum, banal, e aquilo que para mim é cotidiano, a ti parece anormalidade!

Pois bem, não somos seres individuais imersos em cotidiano coletivo? E onde meu limite acaba pra saber onde o seu está? E como faço pra ser diferente sem chocar você? O que devo fazer pra que sua opinião não interfira na minha individualidade? E o que fazemos com nossas diferenças? Puxa!

O fato é que a cada dia buscamos ser cada vez mais, diferentes! E acabamos por nos igualar, formando “tribos” ou “grupinhos diferentes”. Na verdade estamos iguais. Diferente mesmo é que não somos cópias, e a confusão reside em nossa essência se hibridizar, misturar e na procura de uma individualidade que mereça destaque, juntamo-nos a quem não deixamos atônitos. E a tal pluralidade surge daí, somos seres individuais, formados por inúmeras pessoas, situações ao qual, juntos, formamos o que seria diferente.

O que quero dizer é que somos impares, mas não impar igual a um (algarismo), mas impar formado por vários algarismos (gargalhadas) que deve ser acima de doiss. Sim, um mesmo é difícil, ou você acha que desse jeito só existe você? Talvez sim, possa esse corolário ser uma furada.

Isso não quer dizer que não sejas especial, que pense com sua própria mufa, que tenha sentimentos verdadeiros e pessoais, que no mundo inteiro você sempre será você, mas o fato é que a originalidade é mito criado pra aqueles que crêem viverem isolados. Quer dizer, se quer ser assim, proponho pendurar uma melancia no pescoço e sair por ai. O problema é que ainda assim, corres o risco de achar alguém com a mesma estapafúrdia e pouco original idéia.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Mídia e “feiura”, elementos imiscíveis ou impossíveis?



Ontem assistia televisão e me perguntava: As pessoas em suas poltronas se identificam com tais fenótipos? Por que a realidade lá é tão diferente daqui?

Naqueles espaços feitos para “dar uma espiadinha”, todos ali são lindíssimos, pelo menos por fora, e na verdade, transmitem a futilidade pop-nacional que vende, e de horrores, na mídia por aqui. E assistimos, rimos e nos indignamos, mas por outros motivos, por que não por não estarmos ali representados? Cadê a gorda de biquíni na Tv? Cadê a “feinha (o) aos olhos de brilhante, que nunca estão ali, colocados como de fato são, normais e totalmente envoltos na multiplicidade de opiniões?

Quando surgem eles (as), sim, os não tão belos (as) são ridicularizados (as), e apenas quando possuem na garganta, lâminas afiadas, impõem-se como lindos sim! Inteligência me parece menos perecível do que as fuças... Que digam os “botox, pilins, máscaras e repuxos” que existem e arrebatam milhões (de reais e de pessoas).

A questão também é que o julgamento da “feiura” quase nunca é pessoal, e sim daqueles que de fora observam, mas também, nesse caso auto-estima é ingrediente salutar! Se ainda assim, o convencimento vem pela “lourice e branquitude!”, me desculpem, mas não são essas características promessa infalível de beleza! Aqui abro a campanha, que julgo ser reflexiva e também higienizante: valorizemos a beleza interior, repleta de badulaques e modismos que enfeitam e agradam. Aqui coloco sugestões: opiniões coerentes, bons livros lidos, respeito ás diferenças e opiniões, valorizar família a o outro enquanto sujeito e igual, falar palavras sinceras e cultivar amigos, talento para o que se propõe e senso de aprendizado e ensinamento... Não é lindo ter pelo menos alguns desses elementos? Eu acho!

Colocam então os lindos (muitas vezes discutíveis) talvez na intenção de não agredir a elite acostumada com cútis maravilhosas... Oh, que pobreza, queremos o povo na mídia, lindo de rosto ou não!

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Consultou o oráculo de Trofônio...



Trofônio ou Trophonius foi um hábil arquiteto, construtor do Templo de Delfos. A caverna onde foi sepultado era célebre pelos seus oráculos. Os que consultavam o oráculo de Trofônio ficavam melancólicos para toda a vida. Desta forma, criou-se a expressão proverbial entre os gregos: Consultou o oráculo de Trofônio ou Saiu da caverna de Trofônio, para designar uma pessoa taciturna.

Sendo assim, utilizar-me-ei de minhas melancolias Trofonianas para me reportar à infância. Será que têm os outros a mesma chance em que minha geração teve, de possuir infância? Sim, essa mesma de subir em árvores, correr atrás de pião e pipa, correr e se esconder, assitir a desenhos animados recheados de inocência e sair na rua com mais calma e segurança. Vejo agora crianças presas nos playgrounds, computadores, condominios e às vezes, saem em bucsa de conhecer ao menos um pouco a vida real. Assistem a desenhos animados repletos de violência, jogam através de lan houses e nem se conhecem e nem sabem o valor de escrever um diário e ouvir uma boa história.

Ainda mais Trofoniano é perceber que o rumo parece não querer olhar pra trás, e o futuro, esse sim parece rejeitar a infância e já impor um senso adulto a essas criaturas que já nascem de olhos abertos e pele nada inchada. Mas mesmo assim, ainda acho que essa avassaladora modernidade deveria ser repelida por nós, ao menos nesse sentido. Lembremos às crianças os valores que nossos pais, mães, avôs e avós nos passaram e que ele “dèmodès”.

É a hora de pensarmos que antes, tudo parecia futuro, e hoje, nada mais respira passado! O futuro tornou-se esse filho sem mãe e o passado, chora pelo filho que talvez, não tenha ouvido seus conselhos, e esquece-se que somos frutos e não invenções, e os frutos só surgem de plantas já adultas, somos sim, resultado de uma série de fatos, correlatos ou não, mas que encadeiam-se e precisam às vezes serem mais valorizados. Sim ao futuro novo, porém, não ao futuro inventado. Sim ao passado enquanto lição. Não ao futuro como alucinação decorrente das mentes rasas como um píres, que projetam a chamada sociedade contemporânea.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

"Levada por seus piolhos, Suzi vai 'pro céu virada na estrela que pula'”.



Esse título retrata um trecho de Macunaíma, de Mário de Andrade. Aqui não se trata de análise literária, mas de relembrar o quão pitoresca é nossa nação cultural brasileira. Isso tudo onde, com alguns traços xenofóbicos, ainda procura em lampejos de além mar, verificar sua alma mais pura e límpida.

E então, lembro aqui de seres, ou de extra-seres que povoam nosso imaginário totalmente tupiniquim, e que ainda que faça força pra evacuar, saem ladrilhos de rubis e turmalinas no lugar de essência vital oriunda de nossas tripas. Onde estamos? O que somos? Quem somos?

Somos seres que pulam de um pé só com cachimbo e que andam em ventanias, formando redemoinhos, que enfeitiçamos ao som da temida Iara, que tememos o boitatá e que rodamos alegres ao titubear do boi-bumbá. Gente que saúde nas sextas-feiras o Oxalá e que nos murerês vemos duendes e fadas. Temos a Potira e o Pai José e por fim, ainda dizemos que Deus, pobre coitado, é brasileiro.

Isso sim é a brasilidade envolta em si mesma. Isso mesmo é ser brasileiro respeitando seus armengues e seus capengues, porém, percebendo, que melhorar não é trazer de fora aquilo que de nós, podemos solucionar. E como Macunaíma, com humor, recebamos essa cultura estrangeira. Mas façamos como a nobreza de lá: escolha muito, cheire de tudo, experimente pouco e digira quase nada. E o que vem daqui, por mais que deteste, pelo menos valorize.

Rebucetè em meio ao puteiro baiano


Desculpem se choco com as palavras do título, mas é que Salvador cada dia mais, torna-se celeiro de confusões aos quais nem os búzios enxergam sua lógica. Imagina só, pular carnaval jogando flores para a “pobre” Iemanjá! Carnaval agora também invade o espaço religioso, que mesmo sincrético, em nada tem a ver com o carnudo Momo de cada ano. Por que será? Por que essas miscelâneas culturais, misturando nesse balaio de gato, festas tão diferentes? Já que somos uma “Localidade” de muitos festejos, que pelo menos sigamos sua lógica já secular e respeitemos os direitos dos adoradores e admiradores.

E ainda, tem a lavagens, enxágües, bênçãos e feijoadas sempre VIP, cortejos e caminhadas, tudo nesse belíssimo mês de Janeiro. Ninguém mais sabe o que se comemora. Se é que comemora alguma coisa. Daqui a pouco o caruru de Santa Bárbara será ofertado no Dique do Tororó pra Oxum, e as pipocas de São Lázaro servirão pra juntar com as balas de brinquedos de Cosme e Damião. E ai, o maldito “mito da preguiça baiana” chega ácida e corrosiva: pra ir a tudo, difícil mesmo é trabalhar!

Tenho cá uma dúvida: Iemanjá vai buscar seu presente no fundo do mar de Abadá? Leve ela então mamãe sacode e um isopor de bebidas pra agüentar o tranco, pois vai ser muita gente! Aquela muvuca tresloucada gente ensandecida, confetes e serpentinas pra Momo e Alfazema pra Iemanjá e ainda, a dos Filhos de Gandhi. No fim das contas, o ano acaba mesmo diminuindo a cada dia, as manifestações populares. Logo veremos, algo mais inusitado! Pulando São João, trazendo nas mãos o pão de Santo Antônio e pulando a fogueira de São Pedro. Claro que com o trio elétrico flamejando com axé e forró e ainda, com bandeirolas de papel de seda, trazendo slogans de marcas de cerveja e empresas de telefonia móvel, e ainda, os números dos partidos políticos e anuncio do próximo Reality Show na Tv.

Por fim, no meio desse puteiro cultural hibridizado e com sérias crises identitárias dou uma dica: Faça um “pacote festas populares”, leve alfazema, espelho, abada, pipoca, fitas e contas do Bonfim, carregue seu isopor de cervejas e na duvida, reze catolicamente e se ajoelhe “candoblelisticamente”. Só um cuidado: agradeça sempre à entidade certa.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

“Politicismo” à prova do Realismo


Indefectível! Infalível! Revolucionário! Extraordinário! E quem disse que pra ter ideologia política é necessário raciocinar? Quem disse que a reflexão é premissa básica para levantar bandeira e proferir discurso? E ainda, quem ordenou acatar tudo aquilo que os tais Partidos Políticos dizem como verdade Universal?

Parece que a lavagem cerebral é perpétua diante de tanta massa humana envolta e absorta nos discursos de uma minoria “intelectualizada” que manipula e coopta seres de pouca sensatez, em troca de cargos e dinheiro, naturalmente pra si. Esse “politicismo”, me perdoe essa palavra estranha, mas é o que chamo de fanatismo político, permeia nosso cotidiano através do tal discurso: Esse é o caminho!

Calma ai! Vamos debater mais. Refletir mais ainda. As decisões não podem ser assim. Não, não é necessário! Já existem aqueles folhetos que dizem tudo. Os horários políticos na TV então... Eu quero é fazer JUS ao meu Partido! Ele é a luz para os nossos problemas, a solução contra magnatas e corruptos sempre de plantão.

Mas o que dizer desse País que os Partidos nada mais são que trampolins para a vitória? Onde a dança de políticos nos partidos que oferecem melhores condições supera a ideologia inclusive do próprio Partido? Lugar onde as divergências suplantam qualquer marco de criação e até mesmo onde as palavras contidas nas siglas se deparam sempre com os paradoxos dos discursos? E interessante é ainda visualizar coerência onde não há alguma.

Importante mesmo é pegar um desses cometas e seguir a luz! Quer dizer, seguir aquilo que lá vai! Não trato aqui de Iluminismo barato, mas iluminar mesmo alguma cabeça em prol de desenvolvimento, isso está meio difícil pelas bandas de cá!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Rebele-se.

Novo ano, problemas antigos que só, dores insistentes, amores latentes, amigos renitentes, o País doente e o pior, o futuro logo ai na frente, precisando ser melhor. Porém, há novas conquistas, amadurecimento e objetivos, calma e olhar crítico mais aguçado e ainda, atrás está o passado.

Nesse ano, tudo será igual: problemas financeiros, brigas amorosas, novos amigos chegando a antigos se despedindo. Novas festas, aniversários, carurus, churrascos e lasanhas aos domingos, sorvete e água de coco na praia, engarrafamento pra chegar, filas nos bancos e cinemas na quarta-feira, filmes antigos reprisados, reality shows aos montes, lágrimas com acidentes e desastres no mundo, guerras, roubalheiras, eleições. Rebele-se.

Nesse ano tudo será diferente: um novo emprego, nova universidade, mais filmes legais e livros novos lançados prontos pra desfrutar, suco de maracujá com cajá e tangerina, sorvete de papaya com cassis, bolo floresta negra, salário maior, chefe reconhecendo seu esforço, pessoas lutando pela paz, pela melhora ambiental e por um cotidiano político mais limpo. Mais candidatos “confiáveis” pra votar, mais esperança em mudar, celebridades interessantes para acrescentar e uma juventude mais alerta ao que acontece e ao que a ti apetece.

Nesse ano, tudo será a cara do que você quiser, igual ou diferente. O que antes passou, até poderá voltar ou continuar, mas digo a você que o sabor do desconhecido às vezes também vale a pena, mesmo que os sa
bores prediletos nunca saiam de cena, algo nas nossas vidas deve mudar. Rebele-se contra tudo aquilo que não te faz bem, que não te dá futuro e que agora, no presente, não te faz nem um pouco feliz.

Procure uma religião que te complete, uma boa alimentação que te nutra, um amor que te reconstrua e muitas razões pra todos os dias contemplar as dádivas. Rebele-se. Quem se acostuma não caminha, se encosta por ai à espera de mudança, mas ela está ai contigo, à espera de uma ordem. Feliz ano REALMENTE novo!
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