Alfinete nos olhos! Observar pra quê?

Alfinete nos olhos! Observar pra quê?
A intuição me parece mais lúcida que o raciocínio parco dessa gente Reality... Para outros, é necessário criticizar e aqui é o lugar!

Blog do Abuh

Destinado a refletir, a liberar os sentimentos críticos, falar sobre a vida e intercambiar pensamentos. Jardim repleto de flores e frutos, comestíveis e outros, indigeríveis. Depende do seu gosto, ou desgosto!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Âmago de um arqueiro.


Tem sufocações quem nem vômito conseguem retirar! São como espinhaços de peixes presos a uma garganta que não pode ser cortada, rasgada, descolada, absorta diante de presas famintas num inóspito e famigerado lugar. São gritos uníssonos que não podem jamais serem ouvidos, pois é tão seu, que nem mesmo eu, sendo você, posso perceber.

Digo-lhe isso em virtude de certas observações surgidas ao acaso, porém com destino certo tal qual flecha, sem curvas, sem interrupções, sem abnegações. A dor é única, porém o surto, dignificante. Nas mãos do arqueiro, o seu destino, a glória destemida daqueles que a ti apedrejam, e por mais que sussurros e lamúrios relampejem, nada mais te resta do que ceder, perecer ao que é indubitável, sagrado, fiel à sua cerne, carne que jamais putrefaz, aquilo que ordenam e que um dia, aqueles que seus olhos a isso cerram, sem direito nem a odor, jazem!

Mas por mais que tente, cercas não são feitas pra prender, apenas para nortear, marcar, sinalizar, não como nuvens, existem, mas não impedem, são susceptíveis e mesmo quando intangíveis, sucumbem à sagacidade daquele (a) que luta, amputa suas bases, como uma rasteira. E como aquele que possui apenas um olho, enxergas o que é apenas necessário, aniquila tudo o que não é imprescindível e torna apenas audível, o que para os outros é apenas observável. A eficiência é xifópaga à necessidade.

Mas se perguntas, afinal, do que falas? O que é tão necessário que tenha que ser intransponível e ao mesmo tempo, revolucionária? O que é tão imutável e concomitantemente, reveladora? O que pode ser tão fundamental como a própria existência? E te respondo, sem ar superior, mas com a certeza de que me compreenderás... Já imaginou opinar, ser aquilo seu e a ti repudiarem? Já cogitou a idéia de ser um em cem, dez em mil e cem em um milhão? O que faria se te perseguissem e te julgassem, abaixaria sua cabeça?

Não! Flecha jamais se curva, e se o alvo se aproxima e seguem na frente empecilhos, atravessa. Assim são certos valores humanos, incorrigíveis, inexeqüíveis, intangíveis. São condutas ordinárias que em situações ordinárias (aqui cabe dupla interpretação) se demonstram e são, pra nós, impossíveis à fuga. Eis aqui, o que podes julgar e defenderei, eis aqui o que deves olhar e te cegarei, eis aqui o que podes mudar e eu impedirei, eis aqui o que podes falar e eu calarei. Pra tudo há um preço, podes negociar, mas para a honra, o único valor de barganha é você fazer uma flecha aos meus olhos se curvar.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Reinvenção das Tradições a Olho Nu.


“Paz, carnaval, futebol, não mata, não engorda e não faz mal”. Tradições da cultura brasileira, inventadas a partir de miscigenações lusitanas, indígenas, africanas e com outras pitadas europeizadas, parecem não suportar a modernidade. O que seria tradicional, ou seja, na visão de alguns, antigo, torna-se quando falamos de gerações, invenção do passado.

Alguns traços parecem inabaláveis, o tempo não tira, não arreda um milímetro uma manifestação ou uma tradição popular do lugar. Mas há quem se surpreenda! Aqui esse ano no Carnaval baiano o Rei Momo será magro! Vixe! Aquele que detém a chave da festa e comanda a quantidade de confetes e serpentinas e que possui sorriso largo, pique pra pular apesar da pança e ainda, fôlego pra agüentar todos os dias da festa? Sim, esse ai mesmo!

Sempre, sempre, sempre... Este foi gordo! Poderia até amenizar hipocritamente e dizer gordinho, mas não, gordo mesmo! Mais de 120 kg de alegria desfilavam pelas ruas e avenidas, com sua coroa, cetro e capa de Rei, sua majestade obesa era aos nossos olhos, imutável. Nesse ano, poucos se inscreveram e os “astutos” organizadores decidiram convidar uma personalidade totalmente local para ocupar o posto, sem passar por concurso algum, à revelia do gosto dos jurados e do povo. Este, em sua infinita magreza adorou a idéia, talvez, umas das poucas chances de aparecer.

Por favor... Ala-la-ô! Ele poderia receber o convite de bom grado até, mas aceitar, achei severamente perigoso. Poderia ele optar elegantemente por concorrer com os outros, submeter-se ao gosto popular, mas não foi isso que ocorreu. A monarquia nunca foi tão absolutista! A questão é, que essa tradição mudou aos nossos estupefatos olhos. Inovar é maravilhoso, mas democracia pra isso é fundamental. E quando se trata de uma tradição popular isso é ainda mais importante. Só quero ver se ele vai suportar o reinado momesco... A seguir, cenas dos próximos momentos, que carnaval é essa folia baiana! Ah, e vê se tira esse olho gordo de cima do pobre Rei! Onde já se viu!?

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Chuchu, pepino, melão e alface!



Quantas coisas... Quantas possibilidades! Poucas oportunidades e imensas novidades! Temos as chances, pois, essa vida, sim, a que estamos vivendo, não se multiplica, é apenas uma, e mesmo que reencarne, essa aqui é única. Chegamos sem saber porque e às vezes vamos ainda sem saber, mas valha me Deus, temos muito que testar por aqui.

E damos outrora, atenção àquele que ali, na sua frente curte cada segundo como se fosse o último, perdendo muito tempo azarando aquilo que devíamos nós também estar corroborando. Maluquecer, endoidecer, pecar por mais que seja difícil, sem isso não dá pra continuar. Não é cometer besteiras, arrasar o próximo e destruir coisas boas, mas arriscar, tentar diferente, inovar! Por que homem não “pode” usar saia? O buço da mulher é feio por quê? Por que não posso ficar dois dias sem dormir, e não comer dois quilos de chocolate se tenho vontade? Por que meus cabelos não podem ser grená e um lado ser mais curto que o outro?

Por que não posso andar pelado por ai e ainda, sorrir de sua queda, sabendo que não se machucou? Por que não devo nadar em alto mar e cair de pára-quedas com segurança, mas sem muito juízo? Por que não posso combinar verde com azul, amarrar uma pedra no pescoço e dizer que é belo, pois é natural? Por que não posso gostar de mulher, homem, cachorro e sagüi, e ainda sim, achar que tenho certeza do que gosto? Por que não consigo passar perto de ti sem receber suas bélicas críticas? Por que?

Ah, mundo chatinho, repleto de gente correta demais pra julgar e errada nas suas discretas derrapadas, fingindo ser tudo saboroso quando é na verdade insosso, tal qual chuchu, pepino, melão e alface!

Xô!




Vixe Maria! Não pensava que aquecimento global aquecia tanto! Isso é mesmo verdade? Jurava que era conversa pra Inglês (USA) ver! Jurava que com o aquecimento global íamos gastar menos energia, pois, pra quê banho quente? Mas depois lembrei: e o ar condicionado? Minhas roupas secariam mais rapidamente, mas também, eu suaria mais e teria que lavar mais roupas, pois suor deixa a roupa “suja”, gastaria mais água...

Não teria que usar mais roupas de lã no inverno, mas em contrapartida teria que comprar sungas pra cada dia da semana, pois até uma camiseta com bermuda iriam para mim, serem sufocadores e pouco frescas! No natal, as árvores de natal não teriam sentido no norte do mundo, pois pinheiros seria apenas artigo da memória dos que um dia o viram, mas também, logo, os cactos de natal tomariam conta da decoração festiva.

Os sertanejos seriam logrados como exemplos. O que antes era liminar seria logo exemplo de força e de ancestralidade a ser seguida, até na Universidade seriam convidados para falar sobre “kit seca”. Os mares subiriam a níveis alarmantes, tornando as cidades litorâneas verdadeiras Veneza, e andaríamos de Gôndola, que não emitem gases pra causar esse aquecimento global.

Vem cá, me diga ai, não é meio louco isso? Aquecimento global então não é papo, é real? Nossa, Credo em Cruz... Crim-Deus-Pai! Esse Planeta está mesmo em agonia? Nosso hábito de poluir, gastar recursos naturais como se fosse simples a sua renovação, permitir o “desenvolvimento” e compactuar, isso é mesmo tão pernicioso assim? Caramba! Eu era um ser humano alheio a tudo isso e agora cai na real. Mas o que fazer? Mudar tais hábitos me parecem quase inalcançáveis. Não poluir, economizar, preservar, reciclar. Ah, XÔ coisa ruim! Vou aguardar os próximos capítulos, vou ali ligar o ventilador e tomar um suco, vou aguardar esse aquecimento global chegar!


Nota: A consciência muitas vezes nos indica que as obviedades são tão óbvias. Será? Mude agora ou perceberás quando abaixo de seus pés o chão não mais existir, e se fores de acreditar, o inferno segundo alguns fica logo ai, embaixo. Agora vou ali ver o jornal: Acabaram de descobrir uma colônia de pingüins recém-perdidos do Pólo Sul aqui na Caatinga.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Reunião de sintagmas: Vida!


Nem sempre aquilo que se julga ruim é na verdade, tão ruim assim. A fragilidade de um olhar de um único ponto é uma cegueira do todo. E ao nosso redor, certas vezes só parecem estar nossos problemas, indissolúveis, imensos e inescapáveis. Não visualizamos o outro, aquilo que muitas vezes é maior, ou seja, a nossa dor, nos impede de perceber o todo e perdemos a compreensão e o senso de ajuda.

Terrível vida daqueles que absortos diante de sua própria existência, esquecem que atrás de toda a sua embolia carnal estão à espera, seres que não possuem sua força, sua forma de resolver, sua mão amiga. E talvez seja esse o nosso papel: arrimo daqueles que mais precisam.

De forma sucinta, o que suscita a vida é ressuscitar ante nosso egoísmo e colaborar. Não a caridade por piedade, mas por compreensão. A vaidade pode transcender e até, nos perecerem imersos num mundo simplório e sem problemas, mas eles estão em ebulição por toda a parte e somos parte de tudo isso. Siga um conselho de Eleonor L. Dolan: "Para compreendermos o valor da âncora, necessitamos enfrentar uma tempestade”.

Não trata aqui de compreender o outro como sintagma da vida, mas como elemento constituinte, parte e não todo e que para o todo, precisamos de uma unidade de reflexões e ações. E para oferecer um serviço verdadeiro você deve adicionar algo que não pode ser comprado ou calculado com dinheiro, e isso é a sinceridade e integridade, o sentimento de que somos todos humanos, à revelia da dor e com o consentimento do amor.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

No escurinho do cinema... Ops, pipoca no lugar errado!

Aqui na Bahia, o sincretismo religioso parece não ter mais vergonha de mostrar sua face. Sim, pois católicos utilizam símbolos africanos enraizados por aqui para demonstrar sua fé Bizantina no calor da “terra da felicidade” (onde está?). E tudo soa harmônico, difícil até mesmo identificar o que é de mistura e o que é de fato, uma tradição secular. Cria-se agora aos nossos olhos uma nova tradição, e não como traição aos preceitos, é melhor se agarrar a tudo o que há por ai (de bom, claro!).

Os de religião protestante abominam. Superiores em sua fé, abortam qualquer idéia de respeito e miscigenação, com raras exceções, mas bem que em suas sagradas epopéias em templos luxuosos (desculpem qualquer sinal de ironia), realizam sim, rituais totalmente sincréticos. Descarregam seres de outros seres e até, usam de elementos como sal e água pra benzer (?), na falta de originalidade (ver texto abaixo) busca-se imitar o que é sucesso!

E por mais que iconoclastas sejam, muitos desses sentem arrepios ao ver certos qüiproquós arrebanhar e “salvar” tantas pessoas. Libertam-se ante suas vestes longas e censuras nos beiços de lado e testas franzidas, mas ainda que não admitam, há sim um quê de balaio nesse sacro-santo babado.

E os de cá, que querem mesmo o que é bom e que faz bem (nem sempre andam estes juntos), louvamos (não é bem essa a palavra) a tudo aquilo que acreditamos, seja lá de onde vêem! Ai caímos na igreja e rezamos em eucaristia, saímos num templo pra tomar um passe e logo ali, na porta, um banho de pipoca e folhas em riste pra sucumbir o que é ruim nos aguardam. Quer proteção maior? Melhor ser assim, sincrético do que muitas vezes, olhar para um ponto ao longe achando que é luz e acabar sendo o reflexo maquiavélico do Sol sobre um reles
vil metal!
Ah! Sou de Obaluaê (imagem de cima) com Santa Marta (imagem de baixo), e muitos outros me cercam. Salve Deus!

Cada melancia no seu pescoço!


Cada um tem a sua forma de se destacar, seja por bons motivos, maus motivos ou até mesmo, por motivo nenhum, esses os mais interessantes. A forma de se vestir talvez seja o primeiro sinal de alocação de personalidade em meio aos outros, pois assim, como está se vestindo, posso “pré-conceituar” a sua forma de ser. Arriscado, pouco confiável e ainda, superficial, mas fazer o que? Impressões independem de nosso controle. Aquilo que a mim parece exótico, a ti parece comum, banal, e aquilo que para mim é cotidiano, a ti parece anormalidade!

Pois bem, não somos seres individuais imersos em cotidiano coletivo? E onde meu limite acaba pra saber onde o seu está? E como faço pra ser diferente sem chocar você? O que devo fazer pra que sua opinião não interfira na minha individualidade? E o que fazemos com nossas diferenças? Puxa!

O fato é que a cada dia buscamos ser cada vez mais, diferentes! E acabamos por nos igualar, formando “tribos” ou “grupinhos diferentes”. Na verdade estamos iguais. Diferente mesmo é que não somos cópias, e a confusão reside em nossa essência se hibridizar, misturar e na procura de uma individualidade que mereça destaque, juntamo-nos a quem não deixamos atônitos. E a tal pluralidade surge daí, somos seres individuais, formados por inúmeras pessoas, situações ao qual, juntos, formamos o que seria diferente.

O que quero dizer é que somos impares, mas não impar igual a um (algarismo), mas impar formado por vários algarismos (gargalhadas) que deve ser acima de doiss. Sim, um mesmo é difícil, ou você acha que desse jeito só existe você? Talvez sim, possa esse corolário ser uma furada.

Isso não quer dizer que não sejas especial, que pense com sua própria mufa, que tenha sentimentos verdadeiros e pessoais, que no mundo inteiro você sempre será você, mas o fato é que a originalidade é mito criado pra aqueles que crêem viverem isolados. Quer dizer, se quer ser assim, proponho pendurar uma melancia no pescoço e sair por ai. O problema é que ainda assim, corres o risco de achar alguém com a mesma estapafúrdia e pouco original idéia.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Mídia e “feiura”, elementos imiscíveis ou impossíveis?



Ontem assistia televisão e me perguntava: As pessoas em suas poltronas se identificam com tais fenótipos? Por que a realidade lá é tão diferente daqui?

Naqueles espaços feitos para “dar uma espiadinha”, todos ali são lindíssimos, pelo menos por fora, e na verdade, transmitem a futilidade pop-nacional que vende, e de horrores, na mídia por aqui. E assistimos, rimos e nos indignamos, mas por outros motivos, por que não por não estarmos ali representados? Cadê a gorda de biquíni na Tv? Cadê a “feinha (o) aos olhos de brilhante, que nunca estão ali, colocados como de fato são, normais e totalmente envoltos na multiplicidade de opiniões?

Quando surgem eles (as), sim, os não tão belos (as) são ridicularizados (as), e apenas quando possuem na garganta, lâminas afiadas, impõem-se como lindos sim! Inteligência me parece menos perecível do que as fuças... Que digam os “botox, pilins, máscaras e repuxos” que existem e arrebatam milhões (de reais e de pessoas).

A questão também é que o julgamento da “feiura” quase nunca é pessoal, e sim daqueles que de fora observam, mas também, nesse caso auto-estima é ingrediente salutar! Se ainda assim, o convencimento vem pela “lourice e branquitude!”, me desculpem, mas não são essas características promessa infalível de beleza! Aqui abro a campanha, que julgo ser reflexiva e também higienizante: valorizemos a beleza interior, repleta de badulaques e modismos que enfeitam e agradam. Aqui coloco sugestões: opiniões coerentes, bons livros lidos, respeito ás diferenças e opiniões, valorizar família a o outro enquanto sujeito e igual, falar palavras sinceras e cultivar amigos, talento para o que se propõe e senso de aprendizado e ensinamento... Não é lindo ter pelo menos alguns desses elementos? Eu acho!

Colocam então os lindos (muitas vezes discutíveis) talvez na intenção de não agredir a elite acostumada com cútis maravilhosas... Oh, que pobreza, queremos o povo na mídia, lindo de rosto ou não!

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Consultou o oráculo de Trofônio...



Trofônio ou Trophonius foi um hábil arquiteto, construtor do Templo de Delfos. A caverna onde foi sepultado era célebre pelos seus oráculos. Os que consultavam o oráculo de Trofônio ficavam melancólicos para toda a vida. Desta forma, criou-se a expressão proverbial entre os gregos: Consultou o oráculo de Trofônio ou Saiu da caverna de Trofônio, para designar uma pessoa taciturna.

Sendo assim, utilizar-me-ei de minhas melancolias Trofonianas para me reportar à infância. Será que têm os outros a mesma chance em que minha geração teve, de possuir infância? Sim, essa mesma de subir em árvores, correr atrás de pião e pipa, correr e se esconder, assitir a desenhos animados recheados de inocência e sair na rua com mais calma e segurança. Vejo agora crianças presas nos playgrounds, computadores, condominios e às vezes, saem em bucsa de conhecer ao menos um pouco a vida real. Assistem a desenhos animados repletos de violência, jogam através de lan houses e nem se conhecem e nem sabem o valor de escrever um diário e ouvir uma boa história.

Ainda mais Trofoniano é perceber que o rumo parece não querer olhar pra trás, e o futuro, esse sim parece rejeitar a infância e já impor um senso adulto a essas criaturas que já nascem de olhos abertos e pele nada inchada. Mas mesmo assim, ainda acho que essa avassaladora modernidade deveria ser repelida por nós, ao menos nesse sentido. Lembremos às crianças os valores que nossos pais, mães, avôs e avós nos passaram e que ele “dèmodès”.

É a hora de pensarmos que antes, tudo parecia futuro, e hoje, nada mais respira passado! O futuro tornou-se esse filho sem mãe e o passado, chora pelo filho que talvez, não tenha ouvido seus conselhos, e esquece-se que somos frutos e não invenções, e os frutos só surgem de plantas já adultas, somos sim, resultado de uma série de fatos, correlatos ou não, mas que encadeiam-se e precisam às vezes serem mais valorizados. Sim ao futuro novo, porém, não ao futuro inventado. Sim ao passado enquanto lição. Não ao futuro como alucinação decorrente das mentes rasas como um píres, que projetam a chamada sociedade contemporânea.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

"Levada por seus piolhos, Suzi vai 'pro céu virada na estrela que pula'”.



Esse título retrata um trecho de Macunaíma, de Mário de Andrade. Aqui não se trata de análise literária, mas de relembrar o quão pitoresca é nossa nação cultural brasileira. Isso tudo onde, com alguns traços xenofóbicos, ainda procura em lampejos de além mar, verificar sua alma mais pura e límpida.

E então, lembro aqui de seres, ou de extra-seres que povoam nosso imaginário totalmente tupiniquim, e que ainda que faça força pra evacuar, saem ladrilhos de rubis e turmalinas no lugar de essência vital oriunda de nossas tripas. Onde estamos? O que somos? Quem somos?

Somos seres que pulam de um pé só com cachimbo e que andam em ventanias, formando redemoinhos, que enfeitiçamos ao som da temida Iara, que tememos o boitatá e que rodamos alegres ao titubear do boi-bumbá. Gente que saúde nas sextas-feiras o Oxalá e que nos murerês vemos duendes e fadas. Temos a Potira e o Pai José e por fim, ainda dizemos que Deus, pobre coitado, é brasileiro.

Isso sim é a brasilidade envolta em si mesma. Isso mesmo é ser brasileiro respeitando seus armengues e seus capengues, porém, percebendo, que melhorar não é trazer de fora aquilo que de nós, podemos solucionar. E como Macunaíma, com humor, recebamos essa cultura estrangeira. Mas façamos como a nobreza de lá: escolha muito, cheire de tudo, experimente pouco e digira quase nada. E o que vem daqui, por mais que deteste, pelo menos valorize.

Rebucetè em meio ao puteiro baiano


Desculpem se choco com as palavras do título, mas é que Salvador cada dia mais, torna-se celeiro de confusões aos quais nem os búzios enxergam sua lógica. Imagina só, pular carnaval jogando flores para a “pobre” Iemanjá! Carnaval agora também invade o espaço religioso, que mesmo sincrético, em nada tem a ver com o carnudo Momo de cada ano. Por que será? Por que essas miscelâneas culturais, misturando nesse balaio de gato, festas tão diferentes? Já que somos uma “Localidade” de muitos festejos, que pelo menos sigamos sua lógica já secular e respeitemos os direitos dos adoradores e admiradores.

E ainda, tem a lavagens, enxágües, bênçãos e feijoadas sempre VIP, cortejos e caminhadas, tudo nesse belíssimo mês de Janeiro. Ninguém mais sabe o que se comemora. Se é que comemora alguma coisa. Daqui a pouco o caruru de Santa Bárbara será ofertado no Dique do Tororó pra Oxum, e as pipocas de São Lázaro servirão pra juntar com as balas de brinquedos de Cosme e Damião. E ai, o maldito “mito da preguiça baiana” chega ácida e corrosiva: pra ir a tudo, difícil mesmo é trabalhar!

Tenho cá uma dúvida: Iemanjá vai buscar seu presente no fundo do mar de Abadá? Leve ela então mamãe sacode e um isopor de bebidas pra agüentar o tranco, pois vai ser muita gente! Aquela muvuca tresloucada gente ensandecida, confetes e serpentinas pra Momo e Alfazema pra Iemanjá e ainda, a dos Filhos de Gandhi. No fim das contas, o ano acaba mesmo diminuindo a cada dia, as manifestações populares. Logo veremos, algo mais inusitado! Pulando São João, trazendo nas mãos o pão de Santo Antônio e pulando a fogueira de São Pedro. Claro que com o trio elétrico flamejando com axé e forró e ainda, com bandeirolas de papel de seda, trazendo slogans de marcas de cerveja e empresas de telefonia móvel, e ainda, os números dos partidos políticos e anuncio do próximo Reality Show na Tv.

Por fim, no meio desse puteiro cultural hibridizado e com sérias crises identitárias dou uma dica: Faça um “pacote festas populares”, leve alfazema, espelho, abada, pipoca, fitas e contas do Bonfim, carregue seu isopor de cervejas e na duvida, reze catolicamente e se ajoelhe “candoblelisticamente”. Só um cuidado: agradeça sempre à entidade certa.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

“Politicismo” à prova do Realismo


Indefectível! Infalível! Revolucionário! Extraordinário! E quem disse que pra ter ideologia política é necessário raciocinar? Quem disse que a reflexão é premissa básica para levantar bandeira e proferir discurso? E ainda, quem ordenou acatar tudo aquilo que os tais Partidos Políticos dizem como verdade Universal?

Parece que a lavagem cerebral é perpétua diante de tanta massa humana envolta e absorta nos discursos de uma minoria “intelectualizada” que manipula e coopta seres de pouca sensatez, em troca de cargos e dinheiro, naturalmente pra si. Esse “politicismo”, me perdoe essa palavra estranha, mas é o que chamo de fanatismo político, permeia nosso cotidiano através do tal discurso: Esse é o caminho!

Calma ai! Vamos debater mais. Refletir mais ainda. As decisões não podem ser assim. Não, não é necessário! Já existem aqueles folhetos que dizem tudo. Os horários políticos na TV então... Eu quero é fazer JUS ao meu Partido! Ele é a luz para os nossos problemas, a solução contra magnatas e corruptos sempre de plantão.

Mas o que dizer desse País que os Partidos nada mais são que trampolins para a vitória? Onde a dança de políticos nos partidos que oferecem melhores condições supera a ideologia inclusive do próprio Partido? Lugar onde as divergências suplantam qualquer marco de criação e até mesmo onde as palavras contidas nas siglas se deparam sempre com os paradoxos dos discursos? E interessante é ainda visualizar coerência onde não há alguma.

Importante mesmo é pegar um desses cometas e seguir a luz! Quer dizer, seguir aquilo que lá vai! Não trato aqui de Iluminismo barato, mas iluminar mesmo alguma cabeça em prol de desenvolvimento, isso está meio difícil pelas bandas de cá!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Rebele-se.

Novo ano, problemas antigos que só, dores insistentes, amores latentes, amigos renitentes, o País doente e o pior, o futuro logo ai na frente, precisando ser melhor. Porém, há novas conquistas, amadurecimento e objetivos, calma e olhar crítico mais aguçado e ainda, atrás está o passado.

Nesse ano, tudo será igual: problemas financeiros, brigas amorosas, novos amigos chegando a antigos se despedindo. Novas festas, aniversários, carurus, churrascos e lasanhas aos domingos, sorvete e água de coco na praia, engarrafamento pra chegar, filas nos bancos e cinemas na quarta-feira, filmes antigos reprisados, reality shows aos montes, lágrimas com acidentes e desastres no mundo, guerras, roubalheiras, eleições. Rebele-se.

Nesse ano tudo será diferente: um novo emprego, nova universidade, mais filmes legais e livros novos lançados prontos pra desfrutar, suco de maracujá com cajá e tangerina, sorvete de papaya com cassis, bolo floresta negra, salário maior, chefe reconhecendo seu esforço, pessoas lutando pela paz, pela melhora ambiental e por um cotidiano político mais limpo. Mais candidatos “confiáveis” pra votar, mais esperança em mudar, celebridades interessantes para acrescentar e uma juventude mais alerta ao que acontece e ao que a ti apetece.

Nesse ano, tudo será a cara do que você quiser, igual ou diferente. O que antes passou, até poderá voltar ou continuar, mas digo a você que o sabor do desconhecido às vezes também vale a pena, mesmo que os sa
bores prediletos nunca saiam de cena, algo nas nossas vidas deve mudar. Rebele-se contra tudo aquilo que não te faz bem, que não te dá futuro e que agora, no presente, não te faz nem um pouco feliz.

Procure uma religião que te complete, uma boa alimentação que te nutra, um amor que te reconstrua e muitas razões pra todos os dias contemplar as dádivas. Rebele-se. Quem se acostuma não caminha, se encosta por ai à espera de mudança, mas ela está ai contigo, à espera de uma ordem. Feliz ano REALMENTE novo!
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