Alfinete nos olhos! Observar pra quê?

Alfinete nos olhos! Observar pra quê?
A intuição me parece mais lúcida que o raciocínio parco dessa gente Reality... Para outros, é necessário criticizar e aqui é o lugar!

Blog do Abuh

Destinado a refletir, a liberar os sentimentos críticos, falar sobre a vida e intercambiar pensamentos. Jardim repleto de flores e frutos, comestíveis e outros, indigeríveis. Depende do seu gosto, ou desgosto!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A inveja da ogiva


Hoje, depois de retirada nada estratégica, penso sobre as ogivas nucleares. Estas, de tão singulares nos alertam sobre o poder do outro sobre nós. E não falo daquele que Onisciente, “castiga” os “semelhantes” como bonecos em criança má, não, falo de que de tão vulneráveis, ainda procuramos em algum lugar a liberdade. E por mais que ela, antes que tardiamente, pareça sempre estar presente em alguns momentos da vida, ela de fato é uma construção que em nada se assemelha a uma edificação, é espuma, nuvem, fumaça.

Corremos translúcidos como se ela existisse, mas de tão fugaz, na verdade ela só assombra, como um holograma, parece ser o que na verdade não é, estamos presos, animais, irracionais, obsoletos em nosso senso de realidade, estamos fechado no elo da dependência.

Comprar nos faz livre. Comer nos faz livre. Amar nos faz livre. Matar nos faz livre. Ora, e essa dependência de algo para nos sentirmos livre? Ela existe em si mesma? Porque para tê-la momentaneamente precisamos de uma dose de conhaque, um cigarro de palha, um chocolate suíço ou um sorvete mestiço? Não somos livres, somos presos.

E ai retorno ao pensamento das ogivas, que no simples ato de existir já pode em si, destruir. Esta sim é livre, pois por mais que dependa de alguém para existir, por mais que dependa de alguém para sucumbir, ainda assim, em sua própria existência já carrega “o dom” de ser capaz de desunir. Esta liberdade avessa, de incongruência, é nada mais, que a liberdade em si, pois criada para um fim, ainda assim, dependendo, nada mais lhe é possibilitada, a ogiva nasceu e morrerá ogiva. E nós? Lampejadores de liberdade, na verdade, e o tempo inteiro nos maquilamos para parecer algo, outro, aquilo. E neste vai e vem incessante, frenético, nos prendemos a ilusão, ao que não é de fato, emolduramos aos nossos desejos o tilintar da realidade. E esquecemos, neste entremeio quase enlouquecedor para que nascemos. Não temos finalidade, apenas, seguimos o jogo do ‘encenar”. Feliz a ogiva, que nasce e cumpre a sua missão, simples e liberta, em ser, em si mesma, uma ogiva.

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